Distrito de Cachoeira do Campo
Localizado no município de Ouro Preto, o distrito de Cachoeira do Campo conta uma população de 12035 habitantes, em uma área de 57.47 km², ou seja, 4.61% do território, sendo que a lei de criação do distrito é a Lei Provincial nº 50 de 8/4/1836.

Distrito de Cachoeira do Campo
O distrito de Cachoeira do Campo com uma população de 12035 habitantes tem uma área de 57.47 km², ou seja, 4.61% do território, a lei de criação do distrito é a Lei Provincial nº 50 de 8/4/1836.
O distrito de Cachoeira do Campo está localizado a 22 km de Ouro Preto. Foi no distrito que se desencadeou um dos episódios mais sangrentos e decisivos do conflito envolvendo os direitos de exploração de ouro na futura Capitania de Minas Gerais, conhecido como Guerra dos Emboabas, conflito entre paulistas e portugueses, entre 1708 e 1709. Após essa guerra, foi na Matriz de Nossa Senhora de Nazaré que foi consagrado o primeiro governador eleito pelo povo da história das Américas, Manuel Nunes Viana, que liderava os vencedores Emboabas.
História do Distrito de Cachoeira do Campo
O distrito de Cachoeira do Campo surgiu ainda no século XVII, entre os anos de 1674 a 1675, quando a bandeira de Fernão Dias Paes, em busca de riquezas nas montanhas de Minas, provavelmente descobriu a cascata de águas límpidas, próximo ao atual Centro Dom Bosco, que daria origem ao histórico nome do povoado da “Cachoeira”, passando mais tarde a ser chamado de Cachoeira do Campo. No ano de 1680, o aventureiro Manuel de Mello teria se estabelecido em Cachoeira, tornando-se o primeiro morador.
Em sua Monografia Histórica, Pe.Afonso de Lemos afirma que o povoado teve início nos anos de 1700 e 1701, em razão de uma grande fome que acometeu a região, forçando a procura de espaços propícios para o plantio. Pela fertilidade do solo e amenidade do clima, Cachoeira tornou-se então um dos centros regionais de produção agrícola.
Cabe ainda salientar que - pela posição estratégica (proximidade do Capão do Lana e do Xiqueiro dos Alemães, pontos de convergências das principais estradas mineiras do XVIII) aliada a outros fatores (como a amenidade do clima) - Cachoeira foi escolhida como lugar ideal para se construir um Palácio de Campo dos Governadores (também chamado de Palácio da Cachoeira ou Palácio de Recreio ou ainda, Palácio de Veraneio).
Em 1782 Dom Rodrigo Jozé de Menezes transformou a edificação numa luxuosa residência, que contava, entre outras regalias, com um imenso lago artificial (100 x 35m) com capacidade de armazenamento estimada em mais de 20 milhões de litros d’água.
Neste lago ziguezagueava até uma embarcação a vela, um scaller, de 7m de comprimento. A poucos quilômetros deste Palácio, mandou outro governador - desta vez Dom Antônio de Noronha - construir um quartel destinado a ser a Sede da Cavalaria Paga das Minas, isto no ano de 1779, conforme ainda se lê no brasão de pedra-sabão do seu frontispício. Ambas edificações foram doadas aos salesianos e são hoje, respectivamente, o chamado ‘Colégio das Irmãs’ e o Colégio Dom Bosco.
Sabe-se que os portugueses trouxeram a devoção por Nossa Senhora de Nazaré, sendo assim, a construção da Matriz, um dos maiores atrativos arquitetônicos do local, data da primeira metade do século XVIII, sendo um dos mais antigos templos de Minas. Em frente à porta principal, destaca-se o cruzeiro de pedra, símbolo da devoção cristã.
Geografia

População Urbana e Rural
Distrito | População | Pop. Urbana | Pop. Rural |
---|---|---|---|
Ouro Preto | 41.656 (55.67%) | 40.890 (98.16%) | 766 (1.84%) |
Amarantina | 4.874 (6.51%) | 3.247 (66.62%) | 1.627 (33.38%) |
Antônio Pereira | 4.710 (6.30%) | 4.688 (99.53%) | 22 (0.47%) |
Cachoeira do Campo | 12.035 (16.09%) | 11.582 (96.24%) | 453 (3.76%) |
Engenheiro Correia | 306 (0.41%) | 224 (73.2%) | 82 (26.8%) |
Glaura (Casa Branca) | 1.515 (2.02%) | 887 (58.55%) | 628 (41.45%) |
Lavras Novas | 1.002 (1.34%) | 901 (89.92%) | 101 (10.08%) |
Miguel Burnier | 643 (0.86%) | 122 (18.97%) | 521 (81.03%) |
Rodrigo Silva | 1.082 (1.45%) | 764 (70.61%) | 318 (29.39%) |
Santa Rita de Ouro Preto | 3.511 (4.69%) | 1.784 (50.81%) | 1.727 (49.19%) |
Santo Antônio do Leite | 1.817 (2.43%) | 1.714 (94.33%) | 103 (5.67%) |
Santo Antônio do Salto | 916 (1.22%) | 678 (74.02%) | 238 (25.98%) |
São Bartolomeu | 754 (1.01%) | 320 (42.44%) | 434 (57.56%) |
Total | 74.821 hab | 67.801 (90.62%) | 7.020 (9.38%) |
Distritos | 33.165 (44,33%) | 26.911 (39,69%) | 6.254 (89,08%) |
Território
Distrito | Área | Densidade | % Área |
---|---|---|---|
Ouro Preto | 112,44 km² | 370,47 hab/km² | 9,02% |
Amarantina | 65,94 km² | 73,92 hab/km² | 5,29% |
Antônio Pereira | 119,79 km² | 39,32 hab/km² | 9,61% |
Cachoeira do Campo | 57,47 km² | 209,41 hab/km² | 4,61% |
Engenheiro Correia | 45,62 km² | 6,71 hab/km² | 3,66% |
Glaura (Casa Branca) | 72,30 km² | 20,95 hab/km² | 5,80% |
Lavras Novas | 42,76 km² | 23,43 hab/km² | 3,43% |
Miguel Burnier | 196,45 km² | 3,27 hab/km² | 15,76% |
Rodrigo Silva | 90,50 km² | 11,96 hab/km² | 7,26% |
Santa Rita de Ouro Preto | 186,11 km² | 18,87 hab/km² | 14,93% |
Santo Antônio do Leite | 37,89 km² | 47,95 hab/km² | 3,04% |
Santo Antônio do Salto | 57,84 km² | 15,84 hab/km² | 4,64% |
São Bartolomeu | 161,43 km² | 4,67 hab/km² | 12,95% |
Total | 1.246,53 km² | 60,02 hab/km² | 100,00% |
Distritos | 1.134,09 km² | 29,24 hab/km². | 90,98 % |
População x Domicílio
Distrito | Domicílios | População | Pessoas por Domicílios |
---|---|---|---|
Ouro Preto | 19.641 (52,26%) | 41.656 hab. | 2,12 |
Amarantina (1890) | 3.001 (7,99%) | 4.874 hab. | 1,62 |
Antônio Pereira (1840) | 2.079 (5,53%) | 4.710 hab. | 2,27 |
Cachoeira do Campo (1836) | 5.403 (14,38%) | 12.035 hab. | 2,23 |
Engenheiro Correia (1953) | 295 (0,78%) | 306 hab. | 1,04 |
Glaura (Casa Branca) (1841) | 1.186 (3,16%) | 1.515 hab. | 1,28 |
Lavras Novas (2005) | 724 (1,93%) | 1.002 hab. | 1,38 |
Miguel Burnier (1911) | 375 (1,00%) | 643 hab. | 1,71 |
Rodrigo Silva (1962) | 544 (1,45%) | 1.082 hab. | 1,99 |
Santa Rita de Ouro Preto (1938) | 1.914 (5,09%) | 3.511 hab. | 1,83 |
Santo Antônio do Leite (1923) | 1.209 (3,22%) | 1.817 hab. | 1,50 |
Santo Antônio do Salto (1992) | 387 (1,03%) | 916 hab. | 2,37 |
São Bartolomeu (1891) | 823 (2,19%) | 754 hab. | 0,92 |
Total | 37.581 | 74.821 hab. | 1,99 |
Distritos | 17.940 (47,74%) | 33.165 (44,33%) | 1,85 |
Turismo
Cachoeira do Campo é um distrito muito visitado, principalmente por estar no caminho direto entre a capital Belo Horizonte e a histórica Ouro Preto. Às margens da BR 356 podem ser vistas muitas lojas de artesanato regional, além da Praça do Artesão, próxima à rodoviária, que conta com produtos diversos, tanto em móveis de madeira de demolição, quanto bordados, culinária típica e variados objetos de decoração. Para aqueles que passarem pelo local, vale muito a pena um retorno para entrarem no centro histórico do distrito, que possui belas igrejas, capelas e o casario dos séculos XVII e XVIII.
Conjunto arquitetônico, paisagístico e arqueológico das Escolas Dom Bosco – antigo Quartel do Regimento de Cavalaria de Minas Gerais
Diversos foram os usos do conjunto, conformando suas variadas camadas que tornam pertinentes seus valores histórico e arqueológico. Em um contexto de reorganização das forças militares portuguesas, entrou em funcionamento em 1779 o Quartel do Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, embora sua história remonte às primeiras décadas do século XVIII e a episódios marcantes da história mineira, como a Revolta de Filipe dos Santos (1720), a Inconfidência Mineira (1789) e a Sedição Militar ou Revolta do Ano da Fumaça (1883).
O tombamento estadual do Conjunto arquitetônico, paisagístico e arqueológico das Escolas Dom Bosco foi aprovado pela Deliberação CONEP 08/2014, de 3 de dezembro 2014, e inscrito nos Livros do Tombo I – Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico – e III – Histórico, das obras de Arte Históricas e dos Documentos Paleográficos ou Bibliográficos.
Em seguida ao Quartel, ali funcionou a Coudelaria Imperial, um centro de criação e aprimoramento de cavalos de raça, cujo funcionamento deixava boa parte das terras ociosas. Quando da visita de Dom Pedro II a Cachoeira do Campo em 1880, lhe foi solicitado que desse à propriedade uma finalidade social, tendo sido inaugurada em 1889 a colônia agrícola D. Pedro II que, com o advento da República, recebeu o novo nome de Cesário Alvim. As Escolas Dom Bosco passaram a funcionar nesta paisagem em 1896, após a negociação dos salesianos para a instalação de uma escola agrícola. A instituição perdurou por cerca de um século e seu uso mais recente é como alojamento de funcionários de uma empresa privada.
O conjunto é composto por edificação principal, teatro, mausoléu, residência do caseiro, antiga serraria hidráulica, antiga residência de Augusto de Lima Jr, curral, ponte sobre o Rio Maracujá e outras estruturas arqueológicas. Do prédio principal original em ruínas foram aproveitadas as estruturas e o restante foi sendo alterado e ampliado conforme as necessidades educativas e as novas experiências de cultivo e produção nas terras.
A construção do colégio considerou as paredes de pedra da antiga fortificação, mantendo, em parte, os ritmos de abertura dos vãos e seus enquadramentos, e o formato retangular, cuja altura maior que a base caracteriza grande parte das edificações coloniais. A volumetria final resultou na elevação de todas as alas, com a construção de um segundo pavimento e um terceiro – mirante – no volume central.
A reconstrução da fachada se deu em 1907, ganhando ares ecléticos com inspiração art déco. Há uma escadaria de pedras que leva à porta principal, composta por duas folhas de madeira almofadadas e emoldurada por pedra sabão talhada. Também se destacam a antiga serraria hidráulica, datada do início do século XX, que abriga um complexo sistema de mecanismos, sendo a primeira do gênero edificada no Brasil; a ponte sobre o Rio Maracujá, que possui sistema estrutural em arcos plenos e está implantada sobre base de pedra no leito do rio; a residência do caseiro, por seu estilo neocolonial.
O valor patrimonial do Conjunto arquitetônico, paisagístico e arqueológico das Escolas Dom Bosco está menos em suas edificações sede e adjacentes, alteradas ao longo do tempo, e mais no significado que as instituições ali instaladas, uma após a outra, tiveram para a memória local e estadual.

Localização
Rodovia dos Inconfidentes, BR 356, Km 78, Distrito de Cachoeira do Campo
Mapa do Distrito de Cachoeira do Campo
Fonte: IBGE
Fonte: Fundação João Pinheiro
Fonte: Site da Prefeitura
Fonte: Iepha